Notícias

Loures, 22 de Janeiro de 2020. O primeiro-ministro, António Costa, inaugurou hoje o novo edifício B14 da Hovione, em Loures, com 11 437 m2. O investimento de 23 m€ visa acolher mais de 400 trabalhadores, do quais 230 investigadores das áreas da Química, ciências farmacêuticas, Biotecnologia e das engenharias. Na apresentação do novo edifício estiveram também o CEO da Hovione, Guy Villax, o Ministro de Estado, da Economia e da Transição Digital, Pedro Siza Vieira, o secretário de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, João Sobrinho Teixeira, e o presidente da Câmara Municipal de Loures, Bernardino Soares. O Edifício B14 vem melhorar as condições de trabalho na empresa, facilitando as sinergias e os ganhos de produtividade com a oferta de equipamentos comuns, nomeadamente novos laboratórios equipados com tecnologias de topo. O edifício oferece também melhores condições de conforto e funcionalidade com salas de reuniões equipadas, bem como novas áreas de estacionamento, balneários, cantina e cafetaria. O investimento visa melhorar a interação entre as pessoas, os serviços da empresa e destes com os clientes e visitantes externos. O edifício tem a capacidade de acomodar mais de 400 pessoas, sobretudo profissionais qualificados com formação nas áreas da Química, Ciências Farmacêuticas, Biotecnologia e das engenharias, com destaque para a Engenharia Química. Nos escritórios do edifício estão também instaladas as áreas de recursos humanos, garantia da qualidade, controlo de qualidade, order processing e logística, eficiência operacional, financeira, gestão de projetos e segurança e ambiente. No que respeita à sustentabilidade, o Edifício B14 foi desenhado e construído para obtenção de certificação LEED (Liderança em Energia e Design Ambiental), que fornece um conjunto de critérios para a conceção, construção e operacionalidade de edifícios de um modo ambientalmente sustentável. As novas instalações aumentam a oferta de emprego qualificado da Hovione, tendo um forte impacto na comunidade, com efeito duradouro que se verificará também ao nível das escolas locais e da formação e qualificação da população. No ano em que celebra 61 anos, a Hovione consolida a sua presença no país, com mais investimento na inovação, na qualificação e no emprego de qualidade, gerando riqueza para a comunidade e para o país. A empresa conta com fábricas na Irlanda, nos Estados Unidos e em Macau.  Sobre a Hovione Fundada em 1959, a multinacional Hovione tem hoje laboratórios e fábricas em Portugal, na Irlanda, em Macau e nos Estados Unidos da América. A Hovione investiga e desenvolve novos processos químicos e produz princípios ativos para a indústria farmacêutica mundial. Com sede em Loures, a empresa emprega 1600 pessoas em todo o mundo, das quais cerca de 1100 em Portugal. A Hovione é o maior empregador privado de doutorados em Portugal (68) e tem presentemente oito programas de doutoramento e oito de mestrado a decorrer na Empresa. A sua atividade de investigação e desenvolvimento em Portugal emprega 220 técnicos e cientistas. Saiba mais em www.hovione.com

Comunicado de Imprensa

Hovione abre laboratório para 230 cientistas

Jan 22, 2020

No dia 2 de Junho, a Hovione realizou a 3ª corrida solidária Hovione em Loures. O evento que consistiu numa corrida de 10 Km e numa caminhada de 5 Km, contou com a participação de 1409 atletas. A Hovione está presente em Loures há mais de 50 anos e para nós é importante estarmos envolvidos e retribuirmos à comunidade. A 3ª corrida solidária Hovione de Loures tem um carácter solidário e este ano escolhemos apoiar a Casa da Palmeira – Associação Luiz Pereira Motta e a Associação Chão dos Bichos. O sucesso deste evento deve-se também aos nossos parceiros institucionais: Câmara Municipal de Loures, Junta de Freguesia de Loures, Bombeiros de Loures, Polícia Municipal, Polícia de Segurança Pública, Escuteiros de Loures e de Santo António dos Cavaleiros, Loures shopping, Solinca, Hospital da Trofa e Bhclinic. A todos os participantes, obrigado! Os resultados são os seguintes: Vencedores Hovione Masculino 1º Mário Malheiro (00:38:01) 2º Nelson Rafael (00:40:47) 3º Frederico Richart (00:42:02) Vencedores Hovione Feminino 1º Susana Saldanha (00:51:23) 2º Sofia Lourenço (00:51:30) 3º Lúcia Tobias (00:51:37) Vencedores Geral Masculino 1º André Alves (00:34:43.27) 2º Jorge Sousa (00:36:43.00) 3º Bruno Pontes (00:37:00.64)             Vencedores Geral Feminino 1º André Alves (00:34:43.27) 2º Jorge Sousa (00:36:43.00) 3º Bruno Pontes (00:37:00.64) Os tempos de todos os atletas poderão ser consultados aqui.  

Notícias

Resultados 3ª Corrida Solidária Hovione

Jun 07, 2019

Podemos começar por saber o que é o Programa 9ºW? O Programa 9ºW é um desafio que a Hovione lançou em 2016 a instituições académicas portuguesas para resolvermos juntos problemas específicos que a empresa, por si só, não conseguia resolver. 9ºW é a longitude de Lisboa e o nome foi inspirado no Prémio Longitude atribuído no século XVIII pelo governo britânico a quem resolvesse um dos maiores desafios da época: como determinar a longitude de uma embarcação em alto mar? O Programa 9ºW da Hovione concedeu cinco milhões de euros para três projetos académicos. Quais foram os projetos abrangidos? Porquê? Antes de lançarmos o programa identificámos as maiores dificuldades que queríamos superar a curto e a médio prazo. Destas, selecionámos três que deram origem aos projetos do programa. O primeiro consiste no desenvolvimento de um método de secagem que queremos que seja muito mais eficiente do que aqueles que usamos e dos que encontramos no mercado. Este é um passo importante na estratégica mais global que queremos implementar. O segundo projeto visa a formação profissional de técnicos de laboratórios analíticos que não conseguimos encontrar no mercado de trabalho. Por último, precisávamos de conhecimento para implementar a transformação digital nos nossos laboratórios tendo em conta a forte intensificação de trabalho que previmos venha a acontecer. No primeiro projeto colaborámos com a Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto; no segundo com um consórcio liderado pelo Instituto Superior de Engenharia de Lisboa; já o terceiro foi atribuído a um consórcio entre o Instituto Superior Técnico e a Universidade do Minho.   O Programa 9ºW tem a duração de três anos (2017-2020). 18 meses depois qual é o balanço? Ainda é cedo para um balanço global pois estamos a meio do programa. De qualquer forma, a avaliação intermédia é positiva. Temos um conceito novo para a secagem que, à escala laboratorial, demonstrou ter a eficácia desejada e estamos neste momento a escrever a patente e a elaborar um plano que nos permita ter uma unidade industrial em 2021. Das seis edições de formação de analistas previstas concluímos as duas primeiras, formando 24 analistas químicos; destes 50% foram recrutados para a Hovione, o que contribui para uma taxa de empregabilidade destes formandos acima de 75%. O projeto de transformação digital também está a progredir bem. Testámos com sucesso os modelos matemáticos de escalonamento de atividades, decidimos sobre as soluções de automação e estamos a criar a estrutura para bases de dados sobre as quais poderemos aplicar "machine learning". A Hovione formou parceria com instituições de ensino para a criação de um curso de analistas químicos, sendo o consórcio de instituições liderado pelo ISEL. Que desafios obrigaram a Hovione a criar o Programa 9ºW, a promover o curso e a financiar a construção do PharmaLab no ISEL? O desafio na criação do programa era criar analistas químicos com os conhecimentos necessários, suficientes e específicos da indústria farmacêutica. Em Portugal, onde a indústria farmacêutica é de reduzida dimensão, não conseguíamos recrutar técnicos em número suficiente para apoiar o nosso crescimento nesta área. Constatámos que competíamos pelos mesmos escassos recursos com a indústria local e que, muitas vezes, éramos forçados a contratar recursos subqualificados ou sobre-qualificados, o que exigia um esforço tremendo de formação interna ou gerava problemas de gestão de expectativas a médio prazo. Precisávamos, portanto, de uma solução sustentável para as nossas necessidades e, juntamente com o ISEL, desenhámos um projeto para superar estas carências. Combinámos os conhecimentos técnicos, a capacidade do ISEL de captar candidatos com o perfil desejado e a necessidade de criar um espaço laboratorial no ISEL que fosse uma réplica fidedigna dos laboratórios de controlo analítico da indústria farmacêutica, equipado com as tecnologias mais relevantes e gerido pelos mesmos padrões de qualidade, exigência e ética que promovemos na Hovione. O PharmaLab foi construído com este conceito, num espaço e com recursos disponibilizados pelo ISEL. Foi um investimento grande e que queremos continuar a dinamizar pois quem passa pelo PharmaLab entra na Hovione já com capacidade de fazer bom trabalho. Quais são as mais-valias da parceria entre a Hovione e o ISEL? E qual é, na sua ótica, o potencial e o contributo deste instituto para o ensino superior e para o país? As mais-valias são a conjunção de um conhecimento profundo das práticas e dos conhecimentos da indústria farmacêutica com o método e as instalações de ensino de um instituto superior. Estes cursos profissionais desenhados à medida das necessidades específicas da indústria local têm elevados graus de empregabilidade, contribuindo, desde logo, para a evolução social e económica do país. O PharmaLab faz muito mais que dar competências, cria as condições para que os seus estudantes possam construir uma carreira. Trata-se de uma profissão na qual a perícia é valorizada e na qual o trabalho tem o efeito direto de melhorar a saúde dos pacientes. Com o Programa 9ºW, lançado em Setembro de 2016, a Hovione propôs-se trabalhar em parceria com Instituições Académicas, ao longo de três anos, para desenvolver projetos inovadores, relevantes que respondam às atuais e futuras necessidades das empresas. Quais são as expectativas? A expectativa principal é resolvermos os desafios a que nos propusemos em 2016. Para além disso, a interação próxima com as instituições académicas cria fortes relações que abrem outras oportunidades de colaboração e que nos permitem progredir no nosso processo de diferenciação através da inovação e do conhecimento. As nossas universidades e instituições académicas são muito boas. Achamos que colaborar com estas em problemas complexos e de aplicação prática é muito motivante para os jovens. Temos cerca de 30 estudantes de doutoramento e mestrado a fazer a sua investigação na Hovione e a desenvolver conhecimento, o que, a prazo, vai resolver problemas concretos. Saber que o seu esforço e capacidade intelectual permitirão, a breve trecho, que um medicamento seja lançado e cure uma doença é algo de muitíssimo motivador. Leia o artigo completo  

Artigo de Imprensa

Hovione desafia a academia com o Programa 9ºw

May 26, 2019

A vida da portuguesa Diane Villax é também a da farmacêutica Hovione, fundada há 60 anos. E parte de uma saga familiar que começa nas margens do rio Zambeze e mete refugiados húngaros, bailes com a rainha de Inglaterra e negócios na China   A história de Diane Villax é daquelas que se contam sozinhas, sem ser preciso acrescentar-lhe pós de perlimpimpim. A menina que cresceu a ler e a amar biografias protagonizaria facilmente um livro, percebe-se ao fim de pouco tempo de entrevista. Com o bónus de a sua vida trazer mais umas quantas histórias de pessoas com quem se foi cruzando ao longo dos seus 84 anos, e de grande parte dela coincidir com a da empresa farmacêutica que ajudou a fundar aos 24. E esse livro poderia começar assim: “Diane nunca mais se esqueceu do conselho da sua avó Blanche.” A luso-inglesa Blanche Laura du Boulay mudara-se para Lisboa ao ficar viúva pela segunda vez, em meados dos anos 40, passando a morar com a nora Isabel e a neta Diane, no lindíssimo Pátio do Pimenta, ao Chiado. Em 1948, com a libra a desvalorizar-se 20% relativamente ao escudo, ofereceu-se para ajudar na loja de decoração de um conhecido, a Renaissance, na vizinha Rua das Chagas. Pertencia à alta sociedade, mas não lhe caíam os parentes na lama por procurar emprego. Não era a primeira vez que trabalhava. Em 1919, tendo ficado viúva com três crianças a seu cargo, Blanche decidira ganhar autonomia indo para a loja Maples, aprender a decorar casas. Quase trinta anos depois, há de demorar pouco tempo até tomar conta da Renaissance, encarregando-se em remote control do Reid’s Hotel, na Madeira, e de vários apartamentos de ricaços, em Nova Iorque. “Tinha muito bom gosto, tinha olho”, recorda a neta. Em 1952, ao ver que Diane chegara aos 17 anos sem qualquer formação, a avó, pragmática, dá-lhe um conselho fundamental: “Você tem de estar preparada para a sua vida, deve precaver-se.” E é assim que Diane parte rumo a Inglaterra, onde vivera até aos 9 anos, para fazer um curso intensivo de estenografia, contabilidade e datilografia, seguido de um estágio. No ano seguinte, é também lá que irá debutar, numa temporada particularmente importante porque Isabel II fora coroada rainha, presidindo, por isso, a muitos dos bailes.     Por esta altura, Diane já está habituada a ambientes formais. Blanche gosta de receber e dá cocktails para cinquenta pessoas, que muitas vezes ficam para jantar. Quanto a ela, deve aparecer bem vestida e saber fazer conversa, mas apesar de ter sido “muito bem educada e pouco instruída”, não é o estereótipo da menina de sociedade oca. Lê muito, por influência da avó, quase sempre ficção histórica ou biografias de militares, então na moda. Diane tem 19 anos quando Blanche, sempre Blanche, lhe arranja o seu primeiro emprego, numa empresa que se dedica à importação. Trabalha no duro, manhãs de sábado incluídas, e não se limita a traduzir a papelada que entra e sai do escritório de Mr. Crocker – vão ser três anos a aprender tudo o que precisará na sua vida profissional futura “e a ganhar um balúrdio”, ri-se hoje. As amigas invejam-na, acham-se inúteis porque a maioria está proibida pelos pais de trabalhar. Sorte a dela que a avó leva a sério o seu futuro. “Éramos geridas”, conta. “Eu, até dizer ‘Quero casar-me com o Ivan’, nunca tomei uma decisão na vida.” Ivan Émeric Villax. Mais velho dez anos, o húngaro é um engenheiro químico brilhante, um homem fascinante, com a cabeça sempre cheia de ideias inovadoras. O seu pai, Ödon Villax, um cientista perito em genética de plantas, optara por sair do país quando lhe aconselharam a manter a cabeça baixa a seguir às primeiras eleições depois da Segunda Guerra Mundial. Ainda não havia a Cortina de Ferro, mas pais e filhos viajaram pela calada da noite, pouco depois de Ivan se licenciar, em 1948. E, quando estavam num campo para pessoas deslocadas, em Salzburgo, Áustria, Ödon é convidado pela Secretaria de Estado da Agricultura portuguesa a criar um centro de investigação em Elvas. Ivan (1925-2003) gostava de dizer que deixara a Hungria com uma escova de dentes num bolso, o diploma no outro e os russos no seu encalço. De Salzburgo seguira para França, onde trabalhou no Centro de Investigações Agronómicas de Clermont-Ferrand, até que, no Natal de 1951, os pais o convencem a oferecer os seus serviços em Portugal. O engenheiro é logo contratado pelo Instituto Pasteur de Lisboa, então um importante laboratório farmacêutico, trazendo na bagagem experiência na área dos antibióticos. Os dois conhecem-se em casa de uma amiga comum, e não tardará muito até Diane de Lancastre Houssemayne du Boulay passar legalmente a Diane Villax. Três meses antes do casamento, marcado para fevereiro de 1958, despede-se para preparar a festa e o enxoval, com grande pena de Mr. Crocker. “Diga ao seu noivo que tenho duas pistolas”, avisa o patrão que, uns anos mais tarde, irá brincar: “I worked for her” (trabalhei para ela). Diane já na altura era mandona – se os colegas não respondiam atempadamente às cartas, ia pedir-lhes explicações. Mas era sobretudo – e continua a ser – rigorosa e exigente. Fora educada por uma mulher vitoriana e nada meiga, a verdadeira matriarca que tudo punha e dispunha na família. E não passara incólume à Segunda Guerra Mundial. Como o seu pai, Neville “Barney” Houssemayne du Boulay, era militar, cresce a saltitar entre colégios. “As crianças tinham de se arrumar”, ironiza.   EDUCADA PARA SER MANSINHA Os anos de guerra marcam-na muito. “Os jesuítas dizem: ‘Deem-me uma criança até aos 7 anos e fica formada’, e têm razão”, sabe hoje. Toda a gente tinha mapas na parede com os avanços e os recuos dos Aliados, ela não perdia um noticiário e, a certa altura, já lia os jornais. “Aqueles anos formaram-me, e depois os anos com a minha avó continuaram essa formação.” Nascida em Lisboa, em janeiro de 1935, Diane tinha ido com um ano para Inglaterra, onde pouco depois nascia um irmão. Antes da guerra, “Barney” viajava com frequência para África e Isabel morava com os filhos em casa do avô dele, pai de Blanche, uma casa lindíssima, porque John Peter “Pitt” Hornung já era muito rico. Filho de imigrantes da Transilvânia, “Pitt” casara-se com a portuguesa Laura de Paiva Raposo, cujo pai detinha vários “prazos da Coroa” na Zambézia, uma província no Centro de Moçambique. Em conjunto com um pequeno grupo de investidores, explorou extensas propriedades de cana-de-açúcar, passando de empresário falido a dono de um império. No final do século XIX era, então, criada a Companhia do Açúcar de Moçambique, mais tarde dona da Refinaria Colonial, em Lisboa, antecessora da Sidul. “Pitt” ainda assiste ao início da guerra, morrendo em 1940. Dois anos depois, Diane vai para um colégio interno, o primeiro de vários, e, quando os pais se separam e a mãe regressa a Portugal, a avó passa a recebê-la ao fim de semana e nas férias. Será por pouco tempo. Em agosto de 1944, o segundo marido de Blanche está tão doente que Diane é recambiada para Lisboa. Recambiada. Foi assim que se sentiu naquele verão em que chegou à capital portuguesa, direta para o colégio interno de umas freiras belgas, no palácio que é hoje o Museu do Traje. Diane não fala francês nem português, sente-se infelicíssima e só quer voltar para Inglaterra. Tantos bilhetinhos envia à mãe que em janeiro entra para o Ramalhão, em Sintra, mais um colégio religioso, desta vez de dominicanas. Seis anos no Ramalhão dão-lhe segurança, mas, olhando para trás tem pena do pouco que aprendeu. “Exigia-se pouco, não fiz um único exame, nem da quarta classe. As meninas eram educadas para serem donas de casa e mansinhas.” Salvam-na os dois anos seguintes, em que frequenta a antiga Escola Francesa de Lisboa (hoje Liceu Francês), então no Pátio do Tijolo. Foi aí que se “abriu a maravilha do conhecimento”, diz hoje. Francês, História, Matemática... – não houve nada que não lhe quisessem ensinar e ela aprender. É após a Escola Francesa que Diane segue o conselho da avó e tira o curso que lhe há de permitir ter uma profissão. Quando casa com Ivan Villax, havia passado três anos exatos na empresa de Mr. Crocker, adorava o que fazia e o facto de ganhar o seu dinheiro, mas nem lhe passou pela cabeça que o trabalho lhe iria fazer falta.   A verdade é que nos primeiros anos não teve tempo para pensar nisso – foi mãe nove meses depois de se casar, e quando Guy tinha quatro meses apareceram dois refugiados húngaros (Nicholas de Horthy e Andrew Onody) a desafiar o marido a fundar uma empresa. Horthy era filho do regente da Hungria e um antigo conhecimento de Ivan. Ele e o amigo propunham uma joint venture com uma empresa italiana, também pertencente a húngaros, que fabricava antibióticos. Naquela altura, em Itália não havia, por princípio, patentes de produtos farmacêuticos, mas não era possível exportá-los. Ora, Ivan tinha patentes de invenção e, por isso, entrou com 14% do capital, o valor da propriedade intelectual. A CAVE NA LAPA A 8 de abril de 1959 nasce, então, a Hovione. Como Ivan ainda trabalha no Instituto Pasteur, a sociedade é celebrada entre Horthy, Onody e Diane, entrando cada um com 35 contos. Diane vende 500 ações da empresa criada pelo seu bisavô “Pitt”, sendo esse o único dinheiro que alguma vez meterá na Hovione. E Ivan junta-se oficialmente em 1960. Ivan tem um contrato muito interessante com o Pasteur: ao fim de seis meses, o instituto perde a patente para o resto do mundo (mantém apenas para Portugal e colónias). O engenheiro químico está, por isso, livre para montar um laboratório e começar a laborar, coisa que faz inicialmente num quintal, nas Avenidas Novas. Com a ajuda de um rapaz vindo do Pasteur e uns panelões comprados no Braz & Braz, fabrica o produto que exporta para Espanha, Itália e Grécia. Em 1961, Ivan é chamado a Itália, onde durante seis meses se dedica em exclusivo à empresa italiana. Com ele vai Diane, os dois filhos que já tinham, o tal rapaz e a sua mulher. Quando todos regressam, no verão seguinte, montam um laboratório de produção, desta vez numa cave, na Lapa, e os dois húngaros saem da sociedade, levando no bolso mais do dobro daquilo que haviam investido. AS JOIAS, OS JAPONESES E O 25 DE ABRIL A cave da Travessa do Ferreiro coincide com a decisão de produzirem matéria-prima para a indústria farmacêutica e o objetivo de olharem o mundo como mercado. Como tem de ser algo de pequeno volume, por causa da falta de espaço, concentram-se nos corticosteroides, que custam 60/90 dólares o grama. Diane, que já fora mãe de mais dois filhos, gere o dinheiro, assegurando que ele nunca falta ao final do mês para pagar os ordenados aos sete ou oito empregados. Apesar dos seus cuidados, um dia tem de ir à gaveta das joias e empenhá-las. Essa é uma das histórias que conta quando lhe pedem que recorde um pouco da história da Hovione, um exercício que faz com alguma frequência, junto dos novos colaboradores. Logo a seguir, segue-se habitualmente a boa notícia que ouvem, no final dos anos 60, da boca de uns japoneses que lhes batem à porta: querem comprar corticosteroides. No Japão, não fabricam matéria-prima, só formulam; o processo é patenteado e é nisso que estão interessados. A entrada no mercado japonês dá-lhes impulso para construir uma fábrica, em Loures, e avançar para a orla do Pacífico – Austrália, Taiwan, Coreia do Sul, Tailândia.    Em 25 de abril de 1974, a Hovione é ainda uma pequena empresa, com apenas 50 empregados e, como exporta tudo, não é afetada. Ivan, de resto, não deixa que a política entre na fábrica, mas em casa torna-se mais difícil. O filho mais velho, Guy, tem apenas 15 anos, mas já anda metido na política. A época é tão “desaustinante”, recorda Diane, que o casal decide mandar os quatro filhos um ano letivo para Inglaterra. Durante esse período, Diane só passa uma semana por mês em Lisboa. Entre gerir duas casas, os filhos e uma parte da empresa (contabilidade, recursos humanos, correios, bancos), não lhe sobra tempo para se afligir. O tempo, aliás, parece correr. Num ai chega 1978 e a surpresa de ouvir Deng Xiaoping dizer que a China está aberta a negócios, uma oportunidade que a Hovione não deixa escapar. Os Villax estreiam-se a comprar matéria-prima chinesa na feira de Cantão e, um ano mais tarde, têm escritório em Hong Kong. O início da década de 80 traz Macau na mira e Guy, então com 23 anos, a abrir a segunda fábrica da empresa – e a primeira fora de Portugal. Desde arranjar um terreno até tratar da logística, foram catorze meses loucos, numa altura em que o material era importado via Roterdão, sendo descarregado em barcaças que faziam a travessia entre Hong Kong e Macau. Nessa empreitada, Guy Villax tem o apoio de Carlos Costa, um dos muitos portugueses vindos das ex-colónias que Ivan emprega após o 25 de Abril. São pessoas que trazem horizontes mais largos e merecem ser bem recebidas em Portugal como ele fora em 1951. “Orgulho-me disso, mas a verdade é que fomos muito recompensados”, diz hoje Diane. A segunda geração vive de tal forma a empresa que a sua entrada é quase automática. Guy torna-se cedo administrador-delegado, Peter é apontado como o responsável pela entrada da informática na Hovione, Sofia, a única dos quatro filhos com uma formação próxima da do pai (Farmacologia), passa uns anos em Macau, a gerir a qualidade da produção, antes de responder pelo marketing e pela comunicação da empresa, e Miguel, um matemático brilhante, entrou em 2018, para gerir o que aí vem de Inteligência Artificial. WORKSHOPS PARA PREPARAR OS NETOS O advérbio “quase” não está por acaso no parágrafo anterior. Se há coisa em que Diane insiste é que a meritocracia reina na Hovione: “Temos os braços abertos para os membros da família, mas eles devem trazer valor adicionado. Se um Villax tiver prioridade, não conseguimos atrair os melhores.” Aliás, segundo o protocolo familiar aprovado em 2002, nenhum neto pode candidatar-se a um lugar se não falar três línguas e tiver uma licenciatura. A Hovione é uma empresa familiar, gerida profissionalmente – na administração não encontramos apenas o apelido Villax. E a ideia é assim continuar no futuro, daí que duas vezes por ano sejam promovidos workshops dirigidos à terceira geração. Dos 16 netos, apenas três ainda são menores; os encontros são, por isso, a sério, sublinha Diane, que também já começou a convidar netos para serem “observadores” nas reuniões da administração. “Um dia serão donos e, por isso, têm de saber se a empresa está a ser bem gerida. E é preciso que saibam que nada cai do céu, esse é o drama dos meninos ricos...” Ela própria sabe que não terá assento vitalício nessas reuniões. “Quando já não acrescentar nada, vou ouvir: ‘Foi ótimo, a mãe durou imenso, but bye bye’”, ri-se. Se nunca se esqueceu do conselho da avó Blanche, Diane também se lembra muitas vezes de ter respondido “quero uma vida completa” quando Ivan lhe perguntou “o que quer da vida”, ao se casarem. “E tive, tive tudo”, diz hoje. “Criámos uma empresa do nada, numa cave, que emprega mundialmente 1 800 pessoas e segue os mesmos princípios, valores e ideais de sempre. Tenho quatro filhos e dezasseis netos e estou no ativo. Ainda este fim de semana, estive a estudar os resultados… Não sabia o que era uma vida completa, mas agora, olhando para trás, sei que tive. Queria chegar ao fim da vida e pensar. ‘Valeu a pena. Deixei alguma coisa para o futuro da família, da sociedade’.” Rosa Ruela, Jornalista   Leia o artigo em Visão  

Artigo de Imprensa

A história da portuguesa que "nunca se esqueceu do conselho da avó" e criou um império numa cave na Lapa

May 25, 2019

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